Fui criado por uma pessoa que sempre foi de fazer brincadeira, de fazer graça de tudo, de fazer rimas, caretas e de piadas rápidas e que por mais que a coisa estivesse preta ele tinha uma piada a fazer. Esta mesma pessoa criou seus oito filhos, mais quatro netos e ajudou a todos os filhos.

Nunca foi visto bêbado e nem mexendo com alguma mulher, sua palavra tinha valor incontestável em qualquer comércio do bairro.

Certa vez ele me fez uma visita numa farmácia que eu gerenciava aqui em Fortaleza e como sempre ele fez alguma graça e uma colaboradora fez o seguinte comentário: “Agora eu sei a quem o meu gerente puxou”.No final da semana – na minha peregrinação familiar semanal - ele me disse que ouviu o comentário feito no dia em que me visitou e me disse: “João, as coisas da vida não tem que ser um fardo constante, há sempre como se levar a vida com leveza, com muito cuidado para não se perder o equilíbrio entre um e outro, é um risco que vale a pena, pois do contrário corremos o risco maior de nos tornarmos estátuas, mas uma coisa é certa cara feia não é sinônimo de seriedade, um homem não tem que ser carrancudo para ser sério e um gerente que trata seus subordinados como capataz não tem uma equipe e sim um rebanho!”.

Quando meu avô/pai me disse isto ele já estava com seus 82 anos.

Estou relatando tudo isto por que hoje me peguei num daqueles momentos de reflexão individual solitária, onde revia, mesmo que em pensamento, que algumas colegas de trabalho, para ser mais exato, duas de outra gerencia e outra da minha gerencia que se referiram ao meu jeito brincalhão de ser com a seguinte frase: “Este é o (ou um) gerente!” e na minha reflexão (o que me fez levantar e digitar este texto) acho que devo sim levar em conta a questão do equilíbrio, mas também avalio que nós temos “talhadas” em nós ideias formadas por séculos de imagens fechadas. Que a cada um cabe uma postura, tipo o papai vai trabalhar, a mamãe cuida dos filhos, a vovó faz bolo... e outros estereótipos que nascemos,vivemos e crescemos alimentando.

Claro que como gerente também escuto que sou “cri-cri” ou que cobro as coisas para um tempo pré-determinado, o que me faz pensar que esta havendo um pouco de equilíbrio. Minha diretora diz para não me grilar com isso, mas o que quero trazer é que não há formação, especialização ou outra coisa que o aprendizado da vida não traga, e que não é todo mundo que esta aberto a entender, aprender e a aplicar.

Um homem com seus 82 anos de idade, não tinha formação acadêmica, mas a vida como professor, dá um “banho” nos que ficam presos a modelos, formatos ou padrões que por muitas vezes criticaram em suas cadeiras acadêmicas. Hoje repito: cara feia não é sinônimo de seriedade.